terça-feira, dezembro 05, 2006

voxpop, #4.

A TUA CASA,
ou a ideia sem ideia do texto porque foste ou não foste a minha casa


Rogério Nuno Costa & Carina Costa, @Vou A Tua Casa [Lado A]Festival Sonda, Caldas da Rainha, Outubro 2006.


2005 ESAD, Correntes Teatrais Contemporâneas apresenta: para a próxima aula teremos um artista que apresentará o projecto Vou A Tua Casa. A hora é a mesma da aula! Projecto visualizado por imagem em vídeo. Cheguei sem atraso à mensagem da imagem gravada apresentada por esse intermédio actor. Falava de uma tal trilogia sem maneira por mim comunicada, odiei os vídeos. Porquê? Perguntava-me! Decidi sair sem querer assistir aos vídeos pirosos de aparência, julgava um registo. Casas pessoais em casas privadas sem casas não sei de onde, por casos públicos. Que tempo lhe dava na minha casa? Não quero saber, nem me interessa, no meu espaço eu é que sei. Inconsciente banho maria. 2006 ESAD, quem nos vai dar aulas em Seminário? Perguntava. Rogério Nuno Costa, aquele do Vou A Tua Casa! Agora é meu professor e eu não gostei minimamente da apresentação daquela história de projecto. Hum!... Vou A Tua Casa nas Caldas da Rainha e o apresentador até me dá aulas. "Pessoal, vamos telefonar amanhã! É o ultimo dia...". Quero ver esse espectáculo de interiorização urbana, humano que propaganda ecologia cómoda, no acto marca consultas, duas vozes, um telefone — acordo — casa desconhecida, rua pública, casa própria. Olhares exteriores. Perto da meia noite... Bar Charrua. "Vamos telefonar! Eu ligo, diz-me o número". Ih, ih... A possível secretária do Rogério atende, apresento-me como Francisca Brandão, pergunto se a marcação para o dia seguinte será possível. A presença telefónica não cumpre a ideia, a hora do telefonema foi pretexto, adiar a marcação, não são horas para bilhetes! Disponibilidade própria decide o princípio do fim do juízo interpretado. Dia seguinte... Aulas com o Rogério e mal ele sabe que vem a nossa casa! Qualquer partícula começa sem tocar em casa do átomo vazio. Gravações, espaços pessoais de interesse directo protegido em matéria enérgica de técnica transparente, limpa, compasso de cada partitura composta. Aquelas perguntas passadas ficaram sem resposta? Toca a campainha, espasmo, entra o Rogério, seis pessoas, jogos terminais, agarra-se o tempo sem tempo, descobre-se a luz sem calendário nem segredo oprimido, exposto o corpo, ficou nu na conversa, despidos em quebra no compromisso exposto. Que tempo é este? Participei na linha, o espectacular nasce quando a morte propõe a rota banal, trilogia sem tempo deste tempo de diferentes espaços com a igualdade descoberta, simples, composição de valor espectacular. Rituais, pactos, jogos, que relações públicas deixaste na corda, Rogério?

©Carina Costa, 2007