HISTÓRICO DO MSN
PARTE II
Dias depois disto, outra conversa, exactamente com a mesma pessoa. Sem cortes censórios nem arranjos do Português:
Não há guião. Não pode haver. O que existe são ferramentas. Propulsores de possibilidades performativas. Rastilhos. Cada vez mais rastilhos. Não sei como começa. Não sei como acaba. Não quero saber. A primeira versão, nas últimas vezes em que foi apresentada, começou a ganhar essa dimensão de bomba latente. Ainda assim, havia coisas que eu sabia, de antemão. Havia sobretudo coisas que eu levava de umas casas para as outras. Mas na condição de rastilhos, sempre. Desta vez, quero levar as ferramentas de trabalho todas que coleccionei até agora. Todas as tipologias de pólvora disponíveis em vários documentos Word do meu computador. Tudo o que eu tinha imaginado que iria acontecer na terceira versão, vai acontecer agora. No caminho. Essa coisa do meta-espectáculo é este. É agora. A terceira versão é, no fundo, a primeira no seu sentido mais puro, não apresentado. A terceira parte é um guião. Feito igual todos os dias. O guião do meu próprio quotidiano, escarrado nos olhos de quem vier espreitar. Mesmo que diferente todos os dias. Mesmo que pecaminoso no sentido em que poderá não ser absolutamente nada espectacular. Mas é o meu quotidiano, não posso controlá-lo. Não posso ser mais "interessante" nos espectáculos que na vida. Nem mais "interessante", nem mais "inteligente", nem mais "eficaz", nem mais "atraente". É o meu quotidiano. No Caminho é a oportunidade que tenho de me reconciliar com o projecto, com essa coisa da trilogia. É nele que vou realmente reflectir sobre a razão de ser de existirem 3 coisas, uma acontecida, outra em vias de acontecer, e uma última projectada num futuro distante. Isto é tudo muito abstracto. O amor também tem sido muito abstracto. Quero que ele se torne real. Dizer amo-te é difícil porquê? Olha: amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! Amo-te! (mil vezes). Todos os bons espectáculos são espectáculos sobre o amor. Este tem tentado. Também podia ser um texto, dito no início de cada espectáculo, de qualquer versão, para qualquer espectador. Para já, é só isto.