MIRADOURO DO CASTELO DE ALMADA (ele)
CABINE TELEFÓNICA/ALTO DE SANTO AMARO (eu)
Olá, outra vez... O cartão definhou no exacto momento em que me fazias a derradeira pergunta. E a resposta tu já a sabes, pois recordo-me de ta ter revelado algumas vezes, em conversas de Messenger: a performance não acaba, inscreve-se no tempo, e o "tempo" (este que nos aconteceu) é infinito. Cada um de nós terá agora que fazer o seu fade out, e prosseguir. Ainda assim, este e-mail faz parte da coisa, tal como as nossas conversas de Messenger o fizeram também. O momento em que lês isto faz parte. O que irás fazer com o texto que te anexo fará parte. O futuro mais ou menos enublado reservado para esta performance fará parte... Agrada-me a ideia de uma performance infinita. Agrada-me a ideia de pessoas infinitas. Tu poderias ser mais um gajo da turma que eu nunca mais vi. Um daqueles que passando na rua oito anos depois, ficamos sem saber se havemos de dizer olá. Eu assumo como especiais todas as pessoas que me telefonam, que me falam, que me sorriem, que me escrevem, que gostam de mim, que se preocupam. Que perdem algum tempo comigo. O nosso momento especial durou o tempo infinito que teve que durar. Se quiseres que dure mais, desanexa o texto que te enviei. Com ele, podes performar outros momentos especiais, na tua cabeça, fora dela, nas realidades paralelas que te apetecer inventar... Em última instância, podes sempre fazer com ele a performance que não tiveste comigo. Se ainda assim sentires que te falta algo que legitime a "peça" que fiz para ti (contando que não houve espaço concreto, não houve folha de sala, não houve aviso de chamada, não houve frente de sala, não houve rasgar de bilhete, não houve início, não houve meio, não houve fim...), então disponibilizo-me para contigo continuar, re-começar, acabar de vez com a coisa, re-inventá-la, o que quiseres...
Abraço,
Rogério Nuno Costa