terça-feira, outubro 25, 2005

fui.

FACTOLOGIA

[aka script; aka folha de sala]




RNC entra pela primeira vez no Auditório de Bolso no ano 2000, para assistir ao espectáculo do TUM encenado pelo LA a partir de um texto do TB. Um ano depois, RNC volta ao Auditório de Bolso para dar um workshop. C e S conseguiram convencê-los. Ainda assim, RN e AC boicotam. O workshop foi um sucesso. MF, pupila e também formadora, convida para nova investida, algum tempo depois. AC, estranhamente, aparece. Das duas experiências, RNC retira a vontade de continuar a trabalhar com algumas daquelas pessoas, nomeadamete a C, a S e o M. Os trabalhos são iniciados, embora não concluídos. Ainda em 2001, MN, já conhecida de RNC, vem ao Auditório de Bolso dar o seu workshop. RNC participa. os outros (quase todos) também. MN assiste a um ensaio para a peça de RNC, C, S e M. RNC conhece finalmente o famoso RN, que lhe assina um papel garantindo o apoio do TUM ao projecto atrás referido. O projecto atrás referido aborta. Um outro nasce, negociado em 2001, iniciado em 2002, com direcção de RNC e MN (os dois formadores dos dois workshops-maravilha de 2001), e produzido pelo TUM. MN apaixona-se em Lisboa. RNC apaixona-se por RN. Só assim o espectáculo pôde estrear, não com o TUM inteiro, como se esperava, mas com três nomes já conhecidos (C, S e RN) e um novo (L). De destacar ainda a participação especial de AC, já completamente simpatizada com o fenómeno RNC/MN. A paixão lisboeta de MN prossegue calmamente. A paixão de RNC por RN não. Antes da estreia, RNC dá aulas de teatro antigo aos alunos de RN. Os dois aproveitam e declaram-se. Após estreia, RN diz a RNC: “Queria fazer amor contigo em cima das tintas”. Não fizeram logo, fizeram depois. Assinaram, cada um à sua maneira, um certificado de catástrofe emocional garantida. Antes de voltar para Lisboa, RNC oferece prendas a C, S, L e RN. Em Lisboa, várias coisas se deterioram. Novo convite. Nova proposta do TUM a RNC. Confusões. Mal-entendidos. Zangas. Uma carta amarga e apocalíptica de RNC dirigida ao TUM. O projecto cai. RN já estava caído. C, S e L não. RNC perde algumas coisas, mas não quer perder tudo. Ainda assim, comete a ousadia de levar o projecto avante, contra forças e marés, com outra produção, outro espaço. Zanga geral. C entristecida. RN furioso primeiro, indiferente depois. S desolada e chorosa em telefonemas vários. AC diz: “Com o RNC, nunca mais!”. O espectáculo estreia no mesmo dia em que devia ter estreado inicialmente. Reacções. Justificações. Algumas coisas salvam-se. Outras nunca mais RNC lhes põe a vista em cima. A reconciliação só haveria de chegar dois anos depois. Projecto renovado. Renovada (madura) maneira de RNC trabalhar com o TUM. O projecto puxou, uma vez mais, nomes conhecidos: C, S, B, G. O ponto de partida era a obra musical de MM. Já este ano, S puxa RNC para o seu laboratório. RNC aceita e faz renascer RB. Logo de seguida, inicia-se com B e H as negociações para a produção da nova peça de RNC. Esta. Após o que atrás se disse, RNC profere, pela primeira vez na sua vida, a seguinte frase: “Arrependo-me de muitas coisas; voltava atrás se pudesse para corrigir algumas, superar outras, aproveitar oportunidades perdidas, eliminar por completo coisas que jamais deviam ter existido.” Ainda: o Auditório de Bolso serve para muitas coisas: serve para fazer espectáculos, serve para fazer amigos, serve para fazer amor, serve para guardar as malas pesadas quando se chega de Lisboa e serve para se fazer uma performance sobre estas coisas todas. Purificadora. Terapêutica. Salutar.

Braga, 16.09.2005