Aos nove dias do mês de Junho do ano da graça de dois mil e cinco, reuniram Nelson Guerreiro e Rogério Nuno Costa, na esplanada do Jardim do Príncipe Real (em Lisboa) para, em jeito assumidamente introdutório, debaterem assuntos respeitantes ao projecto Vou A Tua Casa/Lado C, do qual o primeiro é observador e o segundo autor. A reunião teve início por volta das dezoito horas e vinte minutos, à frente de dois cafés, dois copos de água, um maço de Marlboro vermelho e bolotas que com o vento caíam das árvores, à velocidade de três a quatro por minuto. Falou-se primeiro do espectáculo que fizemos juntos meses antes, depois do convite para este, e depois de outro que não nosso. O primeiro e o terceiro assuntos não interessam para esta acta. Assumamo-los como periféricos. O do meio (não propriamente o da virtude), foi curto e grosso, e resume-se no seguinte: “Claro que sim. Sabes bem que o teu trabalho me interessa imenso. E depois poder escolher uma possível forma de ser observador de um processo artístico também me alicia”. De seguida vieram as questões práticas, que a seguir sintetizo. Quando voltar do Japão, o Nelson será submetido à seguinte prova: observar uma intervenção completa, em todas as suas dimensões, desde o momento em que o espectador decide ver o espectáculo, até ao resíduo que fica depois do encontro, dias ou mesmo meses depois. No final, produzir um texto em cima do que restar. Nelson e Rogério separam-se uma hora depois, o primeiro na direcção Chiado, o segundo na direcção Rato. Nenhum material foi gravado ou registado por intermédio da tecnologia, ou anotado por escrito em folhas de papel. Foi a memória do autor, e não o autor, que lavrou esta acta, datada e assinada como a seguir se apresenta:
Lisboa, 9 de Agosto de 2005