terça-feira, abril 26, 2005

INTRO/ENTRAR.


Estou nervoso. Não sei se vá. Ir a tua casa implica sempre a delineação de um plano ultra-complexo e intricado, como justificação. Tenho preparadas as coisas para te dizer ao telefone, mas desta vez o plano parece-me pouco coeso, incredível, penso mesmo que ineficaz. Não sei se vá. Tenho medo. Tenho medo até de me enganar no número da porta. Lembras-te quando eu me enganava sempre no número da porta? Mesmo tendo em conta que vivia aqui e que entrava e saía de casa em média duas vezes por dia... Enganava-me sempre. Lembras-te das outras vezes? Nunca percebi se cheguei a convencer-te ou não... nas outras vezes. Parecia sempre que percebias tudo muito bem, que me apanhavas logo ao primeiro telefonema. Mas depois era sempre tão bom... Sabes... Quando chegas a casa de alguém e estão lá mais pessoas do que aquelas que estavas à espera? Ou quando chegas a casa de alguém e sentes que és automaticamente rejeitado? Ou então que se instala uma enorme alegria, parecendo que toda a gente aguardava a tua chegada com impaciência? Ou então quando chegas e, mesmo não sendo rejeitado, sentes uma certa... animosidade? Ou uma certa indiferença?... As casas são todas iguais, o que muda é a maneira como olhamos para elas... E novidades?