quinta-feira, janeiro 17, 2008

o espectáculo continua.

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[...] só uma frase, antes das férias: "Não partir das boas coisas velhas, mas das más coisas novas". [...] tenho andado a falar muito por citações, ultimamente. Começo a achar que não tenho personalidade própria: é tudo roubado de outras pessoas... [...] é como o António Pedro Vasconcelos. Está sempre a citar. E é muito culto, o que só piora. [...] eu não sou muito culto. Sou fundamentalista em relação ao pouco que sei. O que só piora. [...] ouvi dizer que se estivéssemos no século XV, serias inquisidor. [...] como quase toda a gente é herege, tal é a razão pela qual quase ninguém gosta de mim. [...] "toda a gente" diz que és um tiranete. Mas eu desconfio sempre de "toda a gente". [...] quem me dera ser um tiranete! Sou inofensivo, infelizmente... [...] ainda bem! [...] tenho o problema de ser demasiado apaixonado pelas coisas em que acredito. Sou um grande cromo, é o que eu sou. Um totó das artes. Um crominho das performances. [...] eu gosto disso! E isso não é problema, é virtude. [...] e fico furioso (faço birra, mesmo!) quando vejo coisas/pessoas que vão contra aquilo que eu defendo. [...] o que importa é que o teu trabalho faça prova do que dizes. Eu sou aberto a todas as perspectivas: desde que não me digas que és filósofo... [...] deus me livre! Não digo. Fica prometido... Mas e se dissesse? [...] arte e filosofia são coisas diferentes. E se não são, então teremos que meter a matemática ao barulho. [...] venha ela... [...] há que saber matemática avançada para se estar na vanguarda. [...] de acordo. [...] e se calhar isso demora mais tempo do que as décadas todas que o Cézanne levou a olhar a montanha Sainte Victoire. Eu, felizmente, como separo arte e filosofia, não tenho de me preocupar com a matemática. [...] o Cézanne é uma excelente arma de arremesso contra aqueles que me acusam de andar há 4 anos a trabalhar na mesmíssima coisa. [...] e fazes bem, mas sabes que há exemplos na história para defender todos os pontos de vista. A história é muito democrática... [...] felizmente para uns, infelizmente para outros. [...] vou estar atento aos podcasts do MIT. Porque deste ponto de vista, o Media Lab é onde se está a fazer a arte contemporânea. [...] inteiramente de acordo. [...] estás a ver quanta imbecilidade conseguimos nós desmascarar numa só conversa? [...] eu vou desistir, sabias? Só para chatear os meus amigos... Como fez o Duchamp. [...] não. Desistir é feio... [...] a Laurie Anderson é que dizia que os terroristas são os verdadeiros artistas, pois são as únicas pessoas no mundo capazes de mudar as coisas... Não desisto, portanto: dedico-me a matar pessoas feias, "que é uma arte de respeito". [...] a única "arte de respeito" é a "arte do futuro". Aliás, é a única que existe. [...] não podia estar mais de acordo. [...] e o futuro inventa-se. [..] olha, vamos fazer um coffee break neste nosso debate. Preciso de ir jantar. [...] e eu preciso de ir fazer as malas. A questão dos negros na arte portuguesa também me interessa, mas fica para depois. [...] até logo...

[2007]