INÊS OLIVEIRA
19.03.2004
Pedi à Inês para filmar um Vou A Tua Casa. Precisava de imagens da coisa impressas em fita magnética o mais depressa possível. Até porque tinha uma conversa/debate para realizar no Centro em Movimento e dava-me jeito poder contextualizar o acontecimento com as ditas imagens. No dia 18 (véspera da conversa/debate), fiz um espectáculo em casa do Tiago Neves, com público, para a Inês filmar. Bad idea... Foi aqui que eu percebi que não podia tratar este espectáculo da mesma maneira como trato os outros: enfiando-o para dentro de um DVD arranjadinho e enviando-o em correio azul para os festivais da moda. Estava longe de imaginar que dois anos mais tarde estaria a desenvolver um projecto com o exclusivo intuito de reflectir sobre essa questão específica da documentação. Hoje, vejo nesse momento o primeiro sopro da génese do Projecto de Documentação. E que é também um sopro de recusa: nunca mais filmei espectáculos em casa de ninguém. No dia seguinte, horas antes de se iniciar a conversa no Centro em Movimento, experimentámos uma coisa diferente: a Inês vem a minha casa e eu faço o espectáculo para ela, leia-se, pessoa com câmara na mão. Jogo com ela e jogo com a câmara e jogo com as duas coisas como se fossem uma só. E o resultado, ainda que se afaste quase radicalmente da mecânica original da performance, satisfez-me/nos.