COLABORADOR, #4
Teresa Prima
« É-me sempre complicado este momento. Tenho de escrever sobre o que vou apresentar daqui a um mês. Será possível tornar-me adivinha de um discurso que ainda vai ganhar corpo até que se torne num momento público, nomeado e anunciado? No entanto, não é possível deixar de fantasiar com o momento do encontro. Como será o espaço? Estará a chover? Quantos seremos? A expectativa constrói um edifício sem precedentes. Alicerçado num patamar onde história e projecção se misturam e revestem de uma materialidade invisível. Propriedade individual e colectiva cuja existência depende exclusivamente do acto de ser desejado e de um dia possivelmente existir e morrer. Todos estes dados de antemão contêm já em si tanta informação e importância, são eles os tijolos do edifício. São peças de lego a partir das quais uma infinidade de construções poderá ter lugar. O espectáculo é o corpo da expectativa e do desejo. Esta performance já começou, aqui e agora, no acto de ser desejada e pensada. Ela funciona como uma máquina invisível que se alimenta da expectativa e do desejo de um futuro encontro. »
Teresa Prima [Novembro 2004 ]
foto: Rogério Nuno Costa [Torres Vedras, 2006]