quarta-feira, maio 17, 2006

cobaias.

ISABEL
Casa 7 — 7 de Maio de 2003


Em frente a um jantar regional vindo da terra donde a Isabel é natural (qualquer coisa como chanfana com batatas e feijão-verde), foi possível pôr vários assuntos em pratos limpos. Uma série de histórias paralelas uniam de forma confusa várias pessoas e duas cidades. Foi necessário fazer o mapeamento correcto para se perceber a real dimensão do poder astral por detrás de tantas coincidências. Quando a Isabel repentinamente me propõe uma evolução dramatúrgica acompanhada de amêndoa amarga com sumo de limão, o mapeamento foi-se tornando cada vez mais complexo, mas nunca ninguém disse ou escreveu que surrealismo era sinónimo de livre arbítrio. Afinal de contas, bateu tudo certo. No final, tínhamos completa uma tese de vida bastante indicativa do estado das nossas nações. Lembro-me que a Isabel pôs a tocar o Greatest Hits da Björk em minha homenagem, e também me lembro que, já a caminho de casa, ainda lhe telefono para resolver um pequeno aspecto pendurado no mapeamento cósmico. É que nestas coisas, o mais pequeno pormenor deixado ao acaso (como se este existisse...) pode revelar-se catastrófico. Já em casa, aproveito o efeito entorpecedor das amêndoas amargas e trabalho na ideia do “estou a ficar bêbedo”, que haveria de passar para um dos textos. E escrevo desalmadamente. No dia 29 de Agosto de 2003, já em formato "espectáculo", a tese haveria de ser defendida, na mesma casa que a viu nascer.