sábado, outubro 23, 2004

diário.

8 de Outubro de 2004
//Dia Um





Não há público para o Vou A Tua Casa. É natural. Já conheço Torres Vedras muito bem. Estudei-lhe a dinâmica de públicos por altura do Festival do ano passado; e embora não sendo doutorado em Sociologia, percebi que havia razões muito obscuras para não haver público para espectáculos. É que não há mesmo. Desde que cheguei a Torres que vagueio pelas ruas e não vejo ninguém com cara de quem vai ver o Vou A Tua Casa. De quem quer ver. De quem vê. A Margarida Mestre falou-me do nível de vida da maioria dos habitantes da cidade. A teoria de que o desinteresse pelas manifestações culturais pode advir de uma desmesurada satisfação das outras dimensões todas que a vida tem. Acredito que se Torres Vedras não tivesse uma única prática cultural que fosse, ninguém daria pela falta. Aproveito para fazer uma cura de sono no Hotel Império. Não há nada para fazer em Torres Vedras. Três horas depois, o André liga-me: “Tens uma sessão marcada para as 19:00.”