LINHA DE PENSAMENTO
Pensei em questionar a própria ideia de “ir a casa de alguém”. Como se isso fosse suficiente. Levar uma pizza já com os ingredientes todos em cima, pronta a ser deglutida no tempo record de uma fome espontânea, não me parecia bem. Para isso fazia um espectáculo num espaço convencional. Criar uma estrutura performativa alicerçada nessa ideia e depois adaptá-la em tempo real, whatever that means, pareceu-me melhor, mais difícil, mais problemático. Mas mais válido. Acho eu. Percebi que era erro chamar a isto uma entrega ao domicílio. Quanto muito, seria uma base de pizza entregue descaradamente aos olhos daqueles que esperam o menu completo, e até afastam os móveis para a coisa se dar melhor. Disse aos jornalistas todos que não era "teatro ao domicílio". Quanto muito seria teatro no domicílio. Ou para o domicílio. Poucos compreenderam. Entretanto, lá fui ficando com um autocolante preso à testa. Às vezes dá jeito. Às vezes não.