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Porque agora ele vai MESMO embora para Amares fazer performances para as vaquinhas, para que fique claro que: 1) o Rogério Nuno Costa cumpre o que promete (apesar de todas as indicações contrárias), 2) o Rogério Nuno Costa não é adepto "concreto" do tão pós-moderno adiamento permanente (diz que odeia todo o campo semântico, mais ou menos anglo-saxónico, da expressão work-in-progress), 3) o Rogério Nuno Costa é adepto, sim, da tão orwelliana correcção retroactiva da realidade: não foi, mas podia ter ido, então vai agora. Tudo isto para dizer: "Adeus, gostei muito, obrigado, vocês são todos uns giros e uns queridos. Beijinhos e até nunca mais!".
...ou então:
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3.ª parte da trilogia Vou A Tua Casa
Historinha
A trilogia Vou A Tua Casa estreou em Lisboa no Verão de 2003 e transformou-se imediatamente na “imagem de marca”, mais ou menos estruturante, mais ou menos destrutiva, do seu autor. A performance acontecia nas casas dos próprios espectadores mediante marcação e foi sendo apresentada até sensivelmente Março de 2004. Até à data, já passou por Torres Vedras (Festival A8, Transforma AC, 2004), Londres (Postscript Festival, [msdm], 2004), Covilhã (Quarta Parede, 2006), Braga (Censura Prévia AC, 2006), Caldas da Rainha (Festival Sonda, 2006), Porto (A Sala, 2006) e Hamburgo (Dance Kiosk Festival, 2007). A segunda parte da trilogia, intitulada No Caminho, estreou em Torres Vedras (Festival A8, Transforma AC) no final de 2004, tendo seguido para Lisboa no ano seguinte. A performance acontecia para um só espectador de cada vez, em espaços públicos escolhidos por este, e sem duração definida. A terceira e última parte da trilogia — Lado C — regressa ao espaço privado, mais concretamente à casa do criador, que convida os espectadores para um jantar cozinhado pelo próprio e para uma síntese antológica de todo o projecto, feita em conjunto com o público e alguns convidados especiais. Estreou em Lisboa no Festival Alkantara em 2006 e já foi apresentada em casas particulares de Évora (Festival Internacional de Dança Contemporânea “Habitar A Cidade”, 2006), Porto (LUPA Festival, 2009) e Amares/Braga (Festival Encontrarte, 2009). A experiência gastronómico-filosófica de Lado C está agora a ser desenvolvida num projecto autónomo — Vou À Tua Mesa (2010/2011) — onde a comida deixa de ser um mero pretexto para um encontro para passar a elemento definidor de toda a peça. A trilogia foi também compilada num catálogo e num documentário em vídeo intitulados Vou A Tua Casa — Projecto de Documentação, no prelo (ou no prego) e à espera de melhores dias.
Pecinha
À mesa (para almoçar, lanchar, jantar, cear...) encontram-se: 15 espectadores [que fazem as vezes de alunos ou então de elementos de uma qualquer sociedade anónima], 1 artista [que faz as vezes de professor-cozinheiro ou então de guru de uma nova seita nominalista-conceptual], 1 observador misterioso [que ora faz de conta que não sabe ao que vai, ora faz de conta que ensaiou muito bem o papel], e 1 outro artista, convidado pelo primeiro para boicotar 5 minutos do espectáculo. Lado C, na verdade, nada mais é que um assumido plano maquiavélico de auto-ajuda perpetrado pelo seu autor, sendo este simultaneamente o seu maior e mais acérrimo destruidor. Discute-se o próprio espectáculo, à medida que o mesmo se vai construindo; duvida-se dos papéis que executamos só porque sim, e tenta-se, a custo, baralhá-los; reflecte-se sobre a razão de estarmos ali e o facto de não estarmos noutro sítio qualquer; pensa-se o porquê de tudo isto nos parecer tão familiar e aponta-se o dedo ao primeiro que disser donde vem a “inspiração”; revela-se a imanência de uma síntese dialéctica que não permite que as coisas possam ser divididas em sim e não, sendo que o talvez não é admitido como resolução do problema. LADO C é um evento insólito, mas ao mesmo tempo acolhedor, que vive em cima de uma dose inimaginável de ambiguidade, apenas porque tenciona verdadeiramente ver-se livre dela: concordar com a realidade para a podermos mudar. Uma performance que é política [nome] e não “política” [adjectivo]. A reunião extraordinária de um grupo de pessoas mais ou menos anónimas que se sentam para resolver os problemas de um artista, em troca perversa de comida gourmet e créditos curriculares.
Quem quiser dizer adeus ao Rogério Nuno Costa as we know him, é reservar lugar para o último "LADO C", a realizar no dia 4 de Março na Geraldine, pelas 20:00 horas. Marcações para e-mail: geraldine.lisboa@gmail.com