sábado, julho 19, 2008

a oportunidade do espectador.

THE CURATOR'S HOUSE
[último diário]


Saiu tudo bem. Saiu tudo mal. Os tempos todos trocados. Um ritmo insuportável. Apaga. Acende. Retoma. Recomeça. Desiste. Muito calor. Pessoas cansadas. As luzes eram más. Os vídeos eram maus. A banda sonora era uma punheta (do curador). Tudo muito mal mastigado. Incoerente. Contraditório. Poucas ideias. Muitas ideias. Ideias a mais. Anos 90 mal resolvidos. Anos 80 em impasse. Anos de agora muito pouco fáceis de olhar. De frente. Ou então de pé. Muito tempo de pé. Se isto já fosse a Curator's School, 2/3 da plateia levava falta a vermelho. Farto de preparar aulas para alunos que não fazem os trabalhos de casa. Não sei se quero viver na era do empate técnico. Construí as minhas paredes, quero viver dentro delas, recuso-me a deitá-las abaixo. De resto, tudo bem. Disseram-me que o meu trabalho era sobre a crise da contemporaneidade — não se pode fazer mais; não há nada para fazer. Disseram-me que a A Oportunidade do Espectador devia ser o modelo de toda a ficção nacional — pode-se fazer? Disseram-me que havia quem quisesse fazer parte da "minha" comunidade; disseram-me que havia quem já estava a congeminar uma contra-corrente. Que fazer? A grande conquista da noite: nenhum crítico lá pôs os pés. Nada se perde, tudo se transformou: estavam lá os meus. No fim, aconteceu uma gay pride party. Juro que não fui eu que a encomendei. Nunca mais faço disto. Nada a fazer. Acabaram-se os conteúdos (diz-me o André); venham os formatos (digo eu). Isto foi o início do fim. Bem-vindos à realidade? Não, we'll be right back...